DPOC e Oxigênio
Os distúrbios de troca gasosa são um dos maiores desafios dos pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). A diminuição da área de secção transversa afeta diretamente no mecanismo de difusão dos gases; o aumento da Capacidade Residual Funcional (CRF) reduzem a ventilação alveolar, apesar de manter os alvéolos aerados, a chegada de volume pulmonar com oxigênio é reduzida pelo aprisionamento aéreo no sistema respiratório; a relação Ventilação Perfusão (V/Q) por sua vez cai abaixo de vc 1,0 (um) fazendo assim com que este paciente seja hipoxêmico, desencadeando uma série de reações que vão de aumento da resistência vascular pulmonar, sobrecarregando assim o Ventrículo Direito (VD), até mesmo aumento da produção de hemoglobinas e da sedimentação das células vermelhas.
Por sua vez, devido às altas concentrações sanguíneas de Dióxido de Carbono (CO2), pela retenção aérea, o centro de controle ventilatório eleva seu limiar de estímulo. A compensação do Bicarbonato (HCO3), diminui o efeito da redução do pH por parte do CO2, não permitindo assim que o Grupo Respiratório Dorsal (GRD) seja devidamente estimulado. Assim então, os barorreceptores aórticos e carotídeos assumem a função de estimular o GRD ao reconhecerem a queda da oxigenação através da P50.
A hipoxemia em pacientes com DPOC acarretam uma série de complicações sistêmicas, como disfunção de VD e redução pra produção de ATP, com repercussão direta no rendimento físico e bem estar. Entretanto não podemos esquecer que a ligeira hipoxemia deve ser respeitada para que haja estímulo do GRD em pacientes com retenção crônica de CO2. Valores de Saturação Periférica de O2 (SpO2) entre 88 e 93% são ideais para que haja equilíbrio entre os efeitos vasculares pulmonares e centrais. A Hiperoxia pode ser uma vilão para estes pacientes, pois a redução do estímulo do GRD desencadeia hipoventilação, narcose e até mesmo parada respiratória em casos graves.
Devemos estar atentos a todas as variáveis e orientar nossos pacientes para que não cometam erros no manejo da oxigenioterapia domiciliar.
O paciente agradece!
Fonte:
Zhang, J. Alteration of spontaneous brain activity in COPD patients. Int J Chron Obstruct Pulmon Dis. 2016 Sahin H. The effect of pulmonary rehabilitation on COPD exacerbation frequency per year. Clin Respir J. 2016 West, JB. Fisiologia Respiratória. Nona edição. Artmed. 2013